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Setembro Amarelo

O mês de setembro traz consigo uma campanha que nos convida a pensar e agir sobre a saúde mental: o Setembro Amarelo, iniciativa voltada, sobretudo, para a prevenção ao suicídio.

É uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio. No Brasil, foi criada em 2015 pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), com a proposta de associar a cor amarela ao mês que marca o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio (10 de setembro), adotado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) desde 2003. Muitos monumentos e entidades do setor público e privado aderiram à ideia de pintar ou iluminar suas sedes, com o intuito de dar mais visibilidade à causa. E atualmente um número cada vez maior de pessoas usa uma fita amarela.

A cor da campanha foi inspirada na história de Mike Emme e na atuação da Yellow Ribbon. Em 8 de setembro de 1994, Michael Emme, um jovem americano de 17 anos, que vivia em Westminster, Colorado, cometeu suicídio em seu carro Mustang, que era amarelo. Seus familiares e amigos distribuíram, no funeral, cartões com fitas amarelas (yellow ribbon) e uma mensagem de apoio às pessoas que, por ventura, estivessem na mesma condição de Mike, e a mensagem foi se espalhando. Algumas semanas depois, os pais de Mike passaram a receber ligações, cartas e e-mails de pessoas que haviam recebido os cartões e então fundaram a Yellow Ribbon, instituição dedicada à prevenção do suicídio (www.yellowribbon.org).

A campanha é em setembro, mas falar sobre a prevenção do suicídio é fundamental em todos os meses do ano!

As razões podem ser bem diferentes, porém muito mais gente do que se imagina já pensou em suicídio. De acordo com a OMS, ocorrem cerca de 800.000 suicídios por ano em todo o planeta, a maioria deles decorrentes de transtornos mentais. E no Brasil, 1 pessoa comete suicídio a cada 45 minutos, ou seja, 32 pessoas por dia. Nosso coeficiente de mortalidade por suicídio é de 11,4 mortes por 100 mil habitantes em um ano.

Segundo outro estudo, realizado pela Unicamp, cerca de 17% dos brasileiros pensaram seriamente em dar um fim à própria vida em algum momento e, desses, quase 5% elaboraram um plano de suicídio.

Em muitos casos, é possível evitar o suicídio. A primeira medida preventiva é a educação. Por muito tempo, acreditou-se que falar sobre suicídio poderia incentivar as pessoas a cometê-lo ou, ao menos, fazê-las pensar a respeito.

Porém, já há algum tempo, a psiquiatria entende que o silêncio pode ser extremamente nocivo e, nos últimos anos, especialmente com o sucesso da campanha Setembro Amarelo, informações ligadas ao tema têm sido compartilhadas, possibilitando que mais pessoas tenham acesso a recursos de prevenção. A campanha é em setembro, mas falar sobre a prevenção do suicídio é fundamental em todos os meses do ano!

O suicídio é um ato de desespero e os pacientes suicidas frequentemente expressam seu sofrimento; cerca de 2/3 das pessoas comunicam sua intenção suicida a outras pessoas.

Devemos nos atentar às seguintes mudanças de comportamento: falta de esperança, isolamento social, fazer um testamento, desfazer-se de posses, comprar um túmulo, mudanças marcantes de hábitos, perda de interesse por atividades antes prazerosas, descuido com aparência ou com condições de saúde.

Frases como “preferia estar morto” ou “quero desaparecer/sumir” também podem indicar necessidade de ajuda. As condutas citadas jamais devem ser vistas como chantagens ou formas de “chamar atenção”. Mesmo que a pessoa não seja suicida, elas demonstram um estado de intenso sofrimento e devem ser encaradas com muita seriedade.

O suicídio comumente está ligado a doenças psiquiátricas, como depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, alcoolismo e outras dependências químicas. Mas pode estar associado a outras condições médicas, como traumatismo de crânio, epilepsia, esclerose múltipla, doença de Huntington, Parkinson, câncer e AIDS. Um pequeno número de pessoas que comete suicídio não parece ter evidência de doença psiquiátrica ou médica geral.

O suicídio pode ser planejado por horas ou dias ou acontecer de forma impulsiva, sem premeditação. Estudos apontam para influência genética e familiar no suicídio.

Felizmente, a OMS entende que 9 a cada 10 casos de suicídio podem ser evitados.

Para auxiliar o paciente portador destes sintomas, deve-se:

  • Incentivá-lo a buscar ajuda profissional e acompanhá-lo no atendimento psiquiátrico, sobretudo no emergencial. O SUS (Sistema Único de Saúde) dispõe do CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), onde é oferecido assistência médica e psicológica às patologias psiquiátricas.
  • Ajude em emergências: sempre que necessário, acione ajuda médica emergencial nos casos em que há manifestações claras de atentado contra a vida. Além de prontos socorros, médicos de confiança para atendimento domiciliar e hospitais públicos e privados, recorra ao SAMU pelo telefone 192.
  • Proteja o indivíduo de meios pelos quais é possível cometer suicídio como armas de fogo, janelas, facas e medicamentos e não o deixe só.
  • Converse: não somente nos momentos emergenciais, mas no dia a dia, principalmente se a pessoa já manifesta doenças psiquiátricas. Permita que ela desabafe e converse sobre assuntos variados, fazendo com que tenha formas de encontrar esperança e positividade em relação à vida.
  • Não julgue: nunca condene os atos e falas da pessoa suicida. O sentimento de culpa e o autojulgamento são intensos e prejudiciais.

Lembre-se sempre que uma tentativa de suicídio sem êxito ou de formas aparentemente menos letais, como a ingestão de drogas/remédios, não sinaliza, sob hipótese alguma, que este paciente não deva ser assistido com atenção e cuidado.

Toda manifestação suicida merece nossa preocupação.

Para mais informações e outras dicas sobre este assunto, acesse o Centro de Valorização da Vida (CVV): www.cvv.com.br. O telefone do CVV é gratuito e oferece apoio à pessoa suicida de forma sigilosa e gratuita: 188.