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Estilo parental: qual é o seu?

Estilo Parental: qual é o seu?
Psicóloga Maria Fernanda Monteiro


Estilos Parentais qual é o seu.


“ Tento manter a calma, mas meu filho só me obedece quando grito! ”

“ Quando estou de mau-humor, acabo descontando nos meus filhos”.

“ Preciso saber dos meus filhos o tempo todo, tenho medo que façam algo errado longe de mim”.


Quantas vezes você já ouviu as frases acima de algum pai ou mãe aflitos? Quantas vezes você mesmo pensou e/ou disse isso?

Na criação dos filhos, é comum em certos momentos que os pais se sintam perdidos, pressionados e até mesmo culpados. A chegada de uma criança, seja ou não o primeiro filho, é uma grande responsabilidade, e sua interação com os pais será crucial para seu desenvolvimento e terá consequências por toda sua vida.

Nesse sentido, a Psicologia pode ser uma fonte de valiosas contribuições. Uma delas é apresentada pela psicóloga Paula Gomide (2005; 2006) que afirma que as práticas educativas adotadas pelos pais influenciarão o desenvolvimento de comportamentos sociais (adequados) ou antissociais (inadequados) dos filhos. Assim, a autora propõe um modelo de Estilos Parentais, que envolve diferentes tipos de comportamentos que os pais podem apresentar na interação com seus filhos.

Gomide apresenta sete estilos parentais, sendo que dois deles estão relacionados ao desenvolvimento de comportamentos de sociabilidade e cinco estão relacionados a comportamentos antissociais. O presente artigo apresentará brevemente os sete estilos analisados por Gomide e quais são suas implicações na vida da criança.


1. Punição inconsistente

A disciplina dos pais está mais relacionada ao seu humor no momento do que ao comportamento da criança (ex.: agindo de forma agressiva com a criança após um dia frustrante no trabalho). Com isso, a criança tende a ser mais sensível à reação dos pais do que identificar se seus próprios comportamentos são adequados ou inadequados.


2. Disciplina relaxada

As regras propostas pelos pais não são cumpridas ou os pais cedem quando a criança chora ou grita (comportamentos de “birra”) para obter o que deseja. A criança acaba por ficar “sem limites” dentro e fora de casa, e é provável que desenvolva comportamentos agressivos.


3. Abuso físico

Os pais machucam e ferem seus filhos, como forma de punição e controle. Esta prática acaba por fornecer modelos de comportamento violento para a criança, e provocar danos físicos e emocionais a ela.


4. Monitoria negativa

Os pais fiscalizam seus filhos em excesso, de forma invasiva. Seja por ligações telefônicas, controle excessivo ou questionamentos, esse padrão comportamental acaba por trazer um sentimento de desconfiança e estresse, aumentando a probabilidade de que a criança apresente comportamentos de oposição aos pais e evite interações com eles.


5. Negligência

Falta de carinho e atenção na interação com criança, tanto em relação às suas necessidades físicas quanto emocionais. Essa omissão não é necessariamente proposital, podendo ocorrer inclusive por conta da ausência dos pais no dia-a-dia da criança (por questões de trabalho e viagens, por exemplo). Esse padrão favorece o desenvolvimento de comportamentos de insegurança e baixa autoestima na criança.


6. Monitoria positiva

Definida como a atenção e conhecimento dos pais sobre a vida de seus filhos. Ao contrário da monitoria negativa, essa participação na vida dos filhos é marcada por demonstrações de carinho e apoio, e não da desconfiança e fiscalização. Ou seja, é a participação ativa na vida dos filhos, o interesse por sua rotina e amizades, o incentivo às suas conquistas e o apoio às suas perdas. É estar lá por eles. Esse estilo favorece muito o desenvolvimento de habilidades sociais, autoestima e confiança da criança, bem como o convívio harmonioso com os pais.


7. Comportamento moral

Ocorre quando os pais transmitem valores positivos aos seus filhos, como a empatia, honestidade, generosidade, entre outros. Esses valores não são transmitidos apenas por “lições de moral”, mas principalmente pelo modelo dos próprios pais! O desenvolvimento de tais valores na infância tende a permanecer até a vida adulta, influenciando positivamente seus relacionamentos.

Vale lembrar que ninguém segue unicamente a um estilo parental, e que a função dessas definições é principalmente alertar e orientar os pais sobre mudanças necessárias... O desenvolvimento do autoconhecimento dos pais, aliado ao suporte terapêutico, pode trazer grandes benefícios para a relação entre pais e filhos. Observe-se, identifique seus padrões de comportamento e busque adotar estilos parentais positivos. E lembre-se: procure um Psicólogo sempre que precisar de ajuda!

[Agradecimento especial à Ma. Mariana Amaral, por suas preciosas contribuições]


Referências

Gomide, P. I. C., Pinheiro, D. P. N., Sabbag, G. M., & Salvo, C. G. (2005). Correlação entre práticas educativas, estresse, depressão e habilidades sociais. Psico-USF, 10(2), 169-178.

Gomide, P. I. C. (2006). Inventário de estilos parentais: Modelo teórico, manual de aplicação, apuração e interpretação. Petrópolis: Vozes.